quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Grávida que come demais...tem filho que vive com fome.

Descubra por que as futuras mamães podem financiar a obesidade nos seus descendentes

Durante a gravidez, o bebê e a mãe constroem uma relação bem estreita. O feto cresce semana após semana e precisa dos nutrientes que a gestante ingere para o seu bom desenvolvimento. Mas as mamães de primeira, segunda e outras viagens precisam dosar a quantidade e a qualidade do que consomem à mesa nessa jornada de nove meses. “Há cada vez mais evidências de que tanto carências quanto excessos alimentares durante a gestação são danosos à saúde infantil”, diz a pediatra e nutróloga Fabíola Suano, de São Paulo.
Quando a gestante abusa das garfadas e engorda acima do limite ideal, pode, sem perceber, patrocinar a obesidade no filho que carrega no ventre. “Mulheres que ganham quilos além da conta na gravidez geram bebês com maior volume de massa gorda”, diz Fabíola. Para desvendar o que deixa a garotada fofa demais, pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, dividiram ratas prenhas em dois grupos: um alimentado com ração convencional e outro com ração à base de gordura e açúcar. Eles constataram que os filhotes da segunda ninhada, assim como as mães, preferiam comidas gordurosas. A explicação pode estar no cérebro, já que esses roedores apresentaram níveis maiores de receptores de dopamina, o neurotransmissor do prazer.
A atuação dessa substância é fundamental quando a criança deixa de mamar. “Para que entenda que precisa se alimentar, o bebê recebe estímulos cerebrais”, explica o neurocientista Renato Sabbatini, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. “E esse é o papel da dopamina, que faz parte do sistema de recompensa e é produzida, entre outras situações, quando ingerimos lipídios e açúcar.” Em quem come muita gordura, porém, a dopamina não trabalha direito. “A obesidade está relacionada a uma incapacidade natural de perceber os efeitos prazerosos do sistema de recompensa”, diz o neurocientista Ivan de Araújo, da Universidade Yale, nos Estados Unidos. Logo, se o pequeno nasce com mais receptores de dopamina, maior será sua necessidade de ingerir fontes do nutriente até conseguir se satisfazer.
Mas a influência da dieta da grávida no futuro do filho vai além do sistema de recompensa cerebral. Também usando ratos, cientistas da Universidade de São Paulo revelaram outro risco associado a maus hábitos alimentares na gestação. Dessa vez, o alvo foi a quantidade de sal ingerida no período de espera. Eles notaram que as pitadas a mais do condimento contribuíam para a ocorrência de hipertensão quando os filhotes se tornavam adultos. “O aumento da pressão arterial, no caso, é uma característica epigenética, ou seja, que passa da mãe para o filho sem alterar seu DNA”, explica o clínicogeral Joel Cláudio Heimann, líder da investigação feita na USP.
O time de Heimann ainda verificou que, por sua vez, sal de menos no prato da grávida pode causar resistência à insulina, quando esse hormônio não dá conta de botar o açúcar para dentro das células. “Não esclarecemos por que isso acontece, mas uma das explicações é que, nessas condições, o fluxo de sangue diminui nos tecidos, prejudicando o trabalho da insulina”, diz o pesquisador.
Como o trabalho foi realizado só com animais, ainda é preciso averiguar se esses efeitos seriam semelhantes em seres humanos — o que não é improvável. “Ambos são mamíferos e têm tecidos e sistemas parecidos.” A dose de sal indicada pela Organização Mundial da Saúde é de 5 gramas por dia — esse valor é o mesmo para gestantes. “Porém, no fim da gravidez, recomendamos reduzir as pitadas para evitar retenção de líquidos”, ensina a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

De olho no prato:
Uma coisa é certa: a grávida deve ingerir fontes de dois nutrientes imprescindíveis nessa fase. Um deles é o ácido fólico. “Ele é essencial no desenvolvimento do tubo neural, estrutura que forma o cérebro e a medula espinhal”, lembra a nutricionista Aline Zeidan, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. A suplementação dessa vitamina geralmente é prescrita na gravidez. Outra substância que não pode faltar é o ferro, já que previne a anemia. “Ele é encontrado nos vegetais escuros, no feijão e na carne vermelha”, orienta Aline.
O clichê de que as gestantes devem comer por dois merece cautela. “Devemos pensar em qualidade, nunca em quantidade. O obstetra acompanha a grávida e, se necessário, encaminha ao nutricionista”, diz o obstetra Luis Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. “Cada mulher precisa ser avaliada de acordo com seu peso antes da gestação e receber um atendimento individualizado”, completa Fabíola Suano. Pelo bem dela e do bebê.

Quando a mãe come gordura demais: Seu filho pode ficar vidrado no nutriente

1. A gordura e o açúcar ingeridos pela gestante são absorvidos pela placenta para que o feto se desenvolva perfeitamente.

2. A placenta quebra as moléculas dessas substâncias em frações menores, como os triglicérides, que chegam ao cérebro do bebê.

3. A presença de gordura no cérebro do pequeno é interpretada pelo órgão como um bom motivo para produzir dopamina, que se encaixa em receptores específicos nos neurônios.

4. Esse estímulo é essencial para que o bebê coma ao nascer. Mas, em excesso, pode deixá-lo desejando mais gordura do que precisa.

Diabete gestacional
Ele é mais um desencadeador de obesidade e hipertensão em crianças e deve ser acompanhado de perto. “Esse tipo de diabete costuma ocorrer em mulheres com predisposição, como as que têm IMC acima de 28 antes de engravidar”, diz a médica Rosane Kupfer, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Combinar atividades físicas com uma alimentação saudável ajuda a prevenir e até mesmo controlar o problema.

Privação que engorda
Um estudo com filhos de mulheres que passaram fome na Segunda Guerra Mundial, nos anos 1940, revelou que a desnutrição materna também causa obesidade. Uma das hipóteses é a de que o organismo das crianças tentaria compensar a privação sofrida na gestação se rendendo à gula ao longo da vida. Além disso, os bebês já nasceriam resistentes à insulina, hormônio que abastece as células com açúcar.



por Hilda Sabino
http://saude.abril.com.br/



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Gastrite

A escolha correta dos alimentos impede que a faísca estomacal se transforme em "fogaréu", promovendo um alívio duradouro

Café da manhã
As proteínas do ovo ajudam a reconstituir a parede do estômago após o jejum noturno e o pão integral controla os níveis de ácido clorídrico, substância por trás da queimação

Almoço
As fibras da maçã e do arroz integral somadas ao betacaroteno da cenoura também protegem contra o incêndio.

Entre refeições
O iogurte equilibra os níveis de acidez estomacal e os grãos integrais dão uma força e tanto para o bom trabalho da digestão.

Jantar
A água de coco hidrata e ameniza a dor. Os brócolis complementam o serviço, diminuindo a inflamação.


Seja de origem bacteriana ou emocional, o desconforto na parte superior do abdômen é o mesmo. Quem sofre de gastrite apresenta sintomas como dor de estômago e queimação. Essa inflamação no órgão que tem como responsabilidade preparar os alimentos e enviá-los ao intestino delgado aparece quando suas paredes internas passam a não suportar o ácido que circula por ali e que é essencial para a digestão das proteínas. Sem os cuidados adequados, a gastrite pode evoluir para problemas mais sérios, como úlcera e até câncer.
Uma bactéria incendiária, a Helicobacter pylori, é a principal causa da ardência estomacal. Geralmente, o micro-organismo se aloja nesse órgão e, dependendo da sorte do hospedeiro, assume a persona de um piromaníaco. "A bactéria não discrimina nem sexo nem faixa etária", diz o gastroenterologista Flavio Steinwurz, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Felizmente, dá para controlar o ímpeto ardoroso do micróbio com alimentos capazes de apagar esse fogo todo (veja ao lado). A boa-nova vem da Universidade de Otago Christchurch, na Austrália, onde a pesquisadora Jacqueline Keenan estuda uma espécie de dieta contra a gastrite.
Os resultados ainda não foram divulgados, mas Jacqueline garante com exclusividade a SAÚDE que são encorajadores. Apesar do segredo, a especialista adianta: "O broto de brócolis combinado com cápsulas de óleo de groselha-negra tem seu efeito anti-inflamatório potencializado, controlando os sintomas". Ok, as tais cápsulas não são encontradas com facilidade aqui…
O senso comum ainda lista itens da despensa que prejudicam a mucosa que reveste o estômago, mas lembre-se: o organismo de cada pessoa reage de uma forma diferente. "É importante testar os alimentos que causam desconforto e retirá-los do cardápio", ensina o nutrólogo Dan Waitzberg, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Restringir a produção de ácido ficando de olho no que a gente come é de extrema importância, já que cada mordida dá a largada para o sistema digestivo trabalhar. Essa tática minimiza a agressão contra as paredes internas do estômago — e isso proporciona um alívio daqueles. Mas, além do monitoramento das refeições, outros passos podem amenizar a ardência e a controlar a progressão das lesões. A mastigação, como primeira fase da digestão, poupa os esforços do órgão. “A amilase, enzima da saliva, começa a quebrar o amido já na boca”, conta Flavio Steinwurz.
Comer várias vezes ao dia também está no topo da lista de conselhos de qualquer nutrólogo ou nutricionista. “Quantidades menores fazem com que o estômago não fique abarrotado”, diz a nutricionista Beatriz Botéquio, da Equilibrium Consultoria, na capital paulista. “Dessa maneira, o tempo de jejum também diminui, prevenindo a acidificação estomacal e, consequentemente, as crises de gastrite”, complementa Dan Waitzberg.
Na hora do suplício, vale apelar para chás antiácidos. “O de espinheira-santa, planta do Sul do Brasil, pode ajudar”, recomenda Waitzberg. E cuidado com o leite puro, que estimula a secreção de suco gástrico, e anti-inflamatórios. “Como são dissolvidos e absorvidos no próprio estômago, acabam causando lesões”, explica Fernando Bahdur, médico da Associação Brasileira de Nutrologia. Agora é só evitar os alimentos incendiários e investir nos protetores. E coma sem medo.


Os incendiários do estômago
Eles ou estimulam a produção de ácido estomacal ou agridem diretamente a mucosa do órgão. E aí é desconforto na certa. Estamos falando de: café, chocolate, bebidas alcoólicas, alho, pimenta, mostarda, cebola, molho de tomate, energéticos e frutas ácidas, como o abacaxi, a laranja, o limão e a acerola.

Remédio de origem vegetal
A Agencia Nacional de Vigilancia Sanitária aprovou o primeiro medicamento a base de plantas contra gastrite. Seu principio ativo . Schinus terebinthifolius . vem da arvore brasileira aroeira.mansa, alivia os sintomas e cicatriza a mucosa estomacal sem efeitos colaterais.

por Caroline Randmer
http://saude.abril.com.br