terça-feira, 21 de julho de 2009

Cafeína reverte perda de memória em ratos com Alzheimer...



Pesquisa americana revelou que substância diminuiu níveis de proteína associada à doença no cérebro e sangue dos roedores.
Ratos criados em laboratório e programados para desenvolver sintomas do Mal de Alzheimer na velhice, tiveram problemas de memória revertidos depois de ingerir 500 mg de cafeína por dia, segundo um estudo do Alzheimer´s Disease Research Center da University of South Florida, nos Estados Unidos. Uma outra pesquisa, da mesma universidade, revelou que a cafeína diminuiu significativamente níveis anormais da proteína beta-amilóide - associada ao Mal de Alzheimer - tanto no cérebro como no sangue de ratos que apresentavam sintomas da doença.
Os dois trabalhos, publicados na revista científica online Journal of Alzheimer´s Disease, deram continuidade a pesquisas anteriores, segundo as quais a ingestão de cafeína no início da fase adulta preveniu problemas de memória em ratos criados para apresentar o Mal de Alzheimer na velhice. Comentando o estudo, outros especialistas alertaram, no entanto, que são necessárias mais pesquisas sobre o assunto, e que suplementos de cafeína para idosos não são recomendados. Resultados promissores: "Os novos resultados oferecem evidências de que a cafeína pode ser usada como um tratamento viável para o Mal de Alzheimer quando já estabelecido, e não simplesmente como uma estratégia de proteção", disse o principal autor do estudo, Gary Arendash, "Isso é importante porque a cafeína é uma droga segura para a maioria das pessoas, entra com facilidade no cérebro e parece afetar diretamente o processo da doença". Baseados nos resultados obtidos em ratos, os pesquisadores esperam iniciar pesquisas com humanos para avaliar se a cafeína poderia beneficiar pessoas no estágio inicial da doença.
A equipe já conseguiu estabelecer que a cafeína ingerida por idosos, sem sinais de demência, rapidamente afeta os níveis da proteína beta-amilóide no seu sangue - da mesma forma como nos ratos com Mal de Alzheimer.Segundo Huntington Potter, diretor do Alzheimer´s Disease Research Center, que participou dos estudos, a redução na quantidade da proteína beta-amilóide está associada a benefícios para a atividade cognitiva.

Experimentos
Quando tinham entre 18 e 19 meses de idade - o que equivale a cerca de 70 anos em humanos - 55 ratos foram submetidos a testes de comportamento para que os pesquisadores confirmassem que tinham de fato problemas de memória.
Depois disso, metade dos ratos teve cerca de 500 mg de cafeína adicionada à água que bebiam diariamente, o restante continuou bebendo água pura. Segundo os pesquisadores, essa quantidade de cafeína equivale a dois cappuccinos de máquina, 14 copos de chá ou 20 refrigerantes que contêm cafeína (como Coca-Cola, por exemplo).
Após dois meses, os ratos foram testados novamente. Os que ingeriram cafeína tiveram desempenho muito melhor nos testes de memória e habilidade cognitiva. Seus resultados foram tão bons quanto os de ratos da mesma idade sem problemas de memória. Os que beberam água pura continuaram a ter baixo desempenho nos testes.
Os especialistas constataram que os cérebros dos ratos que ingeriram cafeína apresentaram uma redução de 50% na presença da proteína beta-amilóide, que forma aglutinações no cérebro de pessoas com demência. De acordo com outros testes, a cafeína afeta a produção de duas enzimas necessárias para a formação da proteína beta-amilóide. A cafeína também estaria associada à supressão de processos inflamatórios que levariam a uma presença mais abundante da proteína. Em entrevista à BBC, Gary Arendash, o principal autor do estudo, afirmou: "Esses resultados são particularmente importantes porque reverter problemas de memória pré-existentes é muito mais difícil".
A equipe não sabe se uma quantidade menor de cafeína poderia ser tão efetiva, mas disse que a maioria das pessoas pode consumir com segurança 500 mg diários da substância. Pessoas com pressão alta e mulheres grávidas, no entanto, devem limitar seu consumo diário de cafeína, dizem os pesquisadores. Comentando os estudos, a diretora do Alzheimer´s Research Trust da Grã-Bretanha, Rebecca Wood, e o diretor da Alzheimer´s Society, Neil Hunt, disseram que ainda é cedo para saber se tomar café ou suplementos de cafeína pode ajudar pessoas com o Mal de Alzheimer, segundo eles, é preciso esclarecer se a substância teria o mesmo efeito em humanos.